quinta-feira, janeiro 05, 2012

E lá se foi mais um...


Por Nathalia Moraes


       Olha só, mais um que se vai, e sem me levar. 
       -Não chore menina, ele não merece. Não sofra, ele não merece.
       Eu sei, eu sei! Escuto isso desde minha primeira decepção amorosa, e olha que depois dela, ainda vieram muitas. 


       O que acontece é que exatamente por saber disso, na altura da vida em que eu me encontro, depois de cada noite mal dormida chorando pelos cantos, hoje eu já não sofro mais por ele, por esse, nem por nenhum dos outros tantos que ainda me decepcionarão. 
       
       É exatamente essa a hora que eu me permito ser egoísta, sabe? As lágrimas derramadas são por mim, poxa. O coração apertado é por mim, todo sofrimento é meu, somente meu e de mais ninguém. Não é por José, João, André, Pedro... é apenas por mim. Sentimento particular, que não divido mais. 


       Hoje as lágrimas caem sem nome, sem rosto, caem porque têm de cair, caem pelo tempo dedicado, pela esperança em vão, por achar que dessa vez eu seria feliz, por acreditar que seria possível, caem pelas mensagens trocadas, pelo apelidinho bobo, pela conta de telefone, pelas horas tentando convencer as amigas de como ele é lindo, pelos quilômetros rodados, pelas lembranças antes de dormir e ao acordar, por ter sido fraca ao se envolver, por ter sido boba mesmo com tantas evidências, por se permitir, se entregar, pela fantasia infantil de desenhar corações em cada pedacinho de papel, por viver - de novo - uma história assim. Entendeu agora?
      
       Ele foi mais um, mais um que repetiu o mesmo enredo, mais um que não fez questão de surpreender, de inovar, de mudar a cena. Mais um que está passando, que se despede dos meus sonhos... assim como o que eu sinto passará. 


       Mas é exatamente isso que me sufoca, que me deprime. É daí que vem essa dorzinha. Tudo passa, as coisas passam, as pessoas passam, os sentimentos passam, mas eu quero mesmo é saber do que fica. Cansei de coisas, pessoas, situações, histórias e sentimentos que simplesmente passam. Quero algo que finalmente fique, que quebre essa tradição, que vire o disco. Dessa vez não quero que passe, quero que fique. É tão dificil assim? Quero que abra a porta, entre e feche-a, sem mais abrir, sem querer escapar pela janela. Quero que fique, apenas fique.
       
       Antes de partir ele te presenteia com a famosa declaração: "O problema não é você, sou eu". Não meu caro, apesar dessa desculpinha preguiçosa, o problema é sim todo meu e te explico... Você está aí virando a página, e eu ainda aqui, tentando digerir tudo o que aconteceu, como aconteceu, em que momento eu perdi. Sim, eu vou me perguntar onde foi que eu errei, e ficar me culpando por estar procurando nos lugares errados e me envolvendo infinitas vezes com caras errados. Implorando para que a medicina evolua de uma vez e encontre a cura para dedo podre. Tentando encontrar respostas para essas e outras perguntinhas que insistem e surgir nessas horas. Percebeu como o problema ficará todo na minha mão? 


       Mas, por incrível que pareça, hoje eu já consigo resolver melhor essas situações dentro de mim, e passar por cada uma sem me desmontar em milhões de pedacinhos jogados no chão, porquê eu sei o quanto dá trabalho se remontar, sem contar que a vida não espera, ou seja, a única opção é aguentar, rir e mais uma vez, aceitar. 
        
        E então chega a hora de parar de choramingar e enfrentar mais uma vez essa vida desnaturada, hora de apagar uns telefones e uns amores, sair desse sofá, vestir seu melhor sorriso e viver,  porquê nada melhor para curar qualquer dor, do que simplesmente viver. Viver tranquila, sem rancores, sem culpas e sem profundas mágoas. É apenas viver! E mesmo cansada, deixar que passe quem tiver de passar, até alguém te surpreender, parar e ficar de uma vez por todas.
         
        
        
       
       
       
       

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