terça-feira, junho 12, 2012

Não existe estado civil para o amor


Por Nathalia Moraes

        
    "Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho..."
         E assim vamos começando a celebrar o dia mais apaixonado do ano. Só me resta a dúvida: O amor continua mesmo sendo fundamental? Ainda há espaço para romances e "eu-te-amos"? Prefiro sempre acreditar que sim, que mesmo em meio a tanta correria e senso automático, frio e insensível, que mesmo na era do desapego obrigatório, ainda sim cabe um pouquinho de amor na vida de cada um.
         Gosto de gente apaixonada, que vive amando e desenhando corações pelos cantos da folha, de gente que fala com brilho no olhar lembrando do sorriso do outro. Gente que transborda amor, sabe? Me encanta quem não tem vergonha de dizer, de mostrar de amar... Amar o amor, amar sentir o que se sente quando se ama. Nenhum outro brilho no olhar consegue igualar-se ao de um ser apaixonado, quando esquece da idade que tem e te olha com aqueles olhos de criança admirando a história que se ouve.
         Tenho medo daqueles que não amam, que não se permitem, ou que endureceram com o tempo, com a pressa, com a dor... Medo do esquecimento, que esqueçam o quão bom é acordar e sentir-se aliviado por ter mais alguém ali com você, dividindo a cama. Medo de acabar essa história de amar, e perder-se nos cantos da vida a inspiração para as músicas que falam de amor, ligar o rádio e não ouvir mais "amor i love you" da Marisa, não ouvir mais o coro dos apaixonados acompanhando Lulu em "toda forma de amor", tampouco ouvir alguém cantar de braços abertos e olhos fechados que não quer dinheiro, e só quer amar, medo de não ver mais nenhuma lágrima rolando em algum rosto com Bebel e Cazuza declamando "eu preciso dizer que te amo". Medo que se acabe a imaginação para os romances, que não existam mais Julietas, Capitus e Helenas.
          O que é que eu vou contar para os meus filhos desse tal de amor? E meus netos, saberão que ele existiu? Entrou em extinção junto aos ursos polares, ou continuará vivo enquanto eu tento explicar que só se entende sentindo? Suspirando ah, o amor...
          Ainda prefiro acreditar que continuamos amando, que ainda nos apaixonamos verdadeiramente por sorrisos e passadas de mão no cabelo sem encontrar os porquês para conseguir explicar, por mais bobo que pareça ser, ainda prefiro acreditar que continuamos amando, mesmo com todos os obstáculos e armadilhas que nós mesmos colocamos. Vou tentar seguir acreditando que um amorzinho ao pé do ouvido vale mais que a competição das dezessete naquela balada. Não é possível que seremos tão burros a ponto de trocar um bom dia com um chameguinho, por várias bundas diferentes na semana no nosso lençol. Me digam se vamos mesmo preferir ver a fila girar à aceitar o desafio delicioso de descobrir a cada dia um pedacinho diferente de pele arrepiando, porquê se me disserem que sim, eu prefiro ficar por aqui. Me recuso a ver mais beleza em pencas do que saborear com cuidado um único sabor. Eu quero é amar.
           Admiro aqueles que ainda acreditam nisso, assim como eu, que ainda acreditam que não há modernidade que os faça desapegar do coração - e pés - quentinhos. Quero cada vez mais a breguisse do amor, os mimimis dos apaixonados, casais de mãos dadas e todas essas firulas que o amor acompanha. Não quero ter de ouvir que amar saiu de moda, quero os grandes romances na vida real e sim, poder chorar com as comédias românticas mais água com açúcar do cinema, quero pessoas apaixonadas, contando lindas histórias de amor. Chega dessa besteira de fingir que ele não está mais entre nós, deixa o amor entrar.
           Esqueçam o título que criaram, mais uma vez, rotularam aquilo que não exige rótulos, o dia hoje é do amor, não dos namorados. Se não os noivos e casados não os comemoraríam, esqueçam a data simbólica que criaram para vender mais corações de pelúcia, flores e cestas de chocolate. Esqueçam o que infiltraram nas nossas cabeças e apenas celebrem o amor, porque amar não significa estar namorando, ou qualquer outro título que se dê, não existe estado civil para o amor. Apenas ame. Porque o amor sim é fundamental, o resto é apenas uma criação por interesse de alguém. Vamos usar esse dia tão apaixonado para distribuir amor, para dizer que ama, para tirar essa máscara e essa armadura, colocar uma daquelas músicas bem breguinhas mas que todo mundo adora cantar e sentir que está tudo bem, está tudo bem em amar. Que o amor é sim lindo, mesmo piegas, e que ele ainda vale a pena, hoje ou amanhã.
            Feliz dia do Amor, dia dos apaixonados pelo amor, dia daqueles que amam livremente, sem correntes!