quinta-feira, dezembro 22, 2011

Se ainda assim me quiser...


Por Nathalia Moraes


        Olá, amor!


        Espero que esteja tudo bem por aí, que você esteja se divertindo muito, e sendo muito feliz. Mas no fundinho, espero que já esteja sentindo minha falta, e que não demore a vir me ver. Por aqui está tudo indo bem, tive umas crises de carência esses dias, mas logo passou. Sua ausência me deixa assim, as vezes. Mas de resto está tudo indo bem, estou trabalhando e estudando feito louca, mas ainda assim tem sempre um tempinho sobrando para você, pode ficar tranquilo.


        Como já percebi, você gosta de surpresas, então mesmo não sabendo quando vamos nos ver, não saio nenhum dia sem o meu melhor sorriso, pronto para o dia que você chegar. Mas antes disso, me sinto na obrigação de te alertar sobre algumas coisas, acho que pode funcionar melhor assim, além de que eu sempre voto na sinceridade. Então vamos lá...


         Quando você chegar, se for muito cedo é bem provável que eu ainda esteja dormindo, infelizmente não funciono muito bem de manhã, vou dormir mega tarde, independente da hora que eu tenho que levantar. Queria muito que o dia começasse depois das 10, e que eu pudesse acordar sempre naturalmente, sem o despertador. Ah! Tenho uma péssima notícia quanto a isso, coloco meu despertador no modo soneca, e ele fica cantarolando umas dez vezes até eu conseguir acordar. Mas, isso tudo quando eu estou sozinha, com você do meu lado, será mais fácil. Podemos desativá-lo, e você pode assumir a função, com beijos. Ah! E pelo menos no fim de semana, eu exijo ficar de conchinha antes de levantar, e ficar de preguiça durante uns bons minutos. Tenho o péssimo hábito de não tomar café da manhã direito, mas vou amar se você preparar e trouxer pra mim na cama. Não precisa ser sempre, só as vezes, gosto de ser mimada, e a recompensa é sempre boa.


          E ainda no assunto cama-cozinha, sinto informar, mas você precisa saber cozinhar, ou estar sempre disposto a comer fora, se depender de mim, vamos viver de macarrão e congelados. Sei cozinhar da mesma maneira que sei fazer os outros afazeres domésticos, pessimamente. Não sou enjoada, mas tem muita coisa que eu não como, tipo palmito, azeitona e beterraba. Mas calma, nada que um intensivão com a minha avó não resolva, pelo menos um pouco. E falando nela, sempre que formos visitá-la, ela oferecerá comidinhas de cinco em cinco minutos, e vai sempre preparar umas marmitinhas para gente trazer, sempre. E quando formos, que não seja para dormir, já que é impossível no meio de uma italianada falando tudo junto em alto e bom tom. Mas te garanto que são pessoas muito especiais e de coração gigante.


          Sou um pouco preguiçosa mesmo, deixo de fazer muitas coisas por uma simples preguiça que me invade, e quando estou doente ficou super manhosa, e é sua função me dedicar carinho e amor. Você definitivamente, precisa gostar de carinho, e se sentir privilegiado por ter a miss carinhosa como mulher, e uma notícia boa... sei fazer massagem, de verdade. Não é o máximo?!


          Não sou ciumenta, tá eu sou um pouco, mas nunca vou assumir o quanto, e você nunca me verá fazendo barraco por isso, assim como eu espero do fundo do meu coração, não te ver protagonizando essa cena também. Vou até ficar fazendo piadinhas com isso, aliás quando eu demonstrar será mais charminho do que ciúmes mesmo, é fácil reverter. Só não prometo não dar aquela fechada no rosto quando entrarmos no carro, e responder "nada" quando você me perguntar o que foi. Aliás, eu respondo com "nada" muitas perguntas, pareço super comunicativa, mas na hora de falar de mim, sou bem fechada (talvez por isso esteja esvcrevendo!), então vai da sua curiosidade, usar de artemanhas para conseguir ouvir o que quiser de mim. 


           Amo ficar em casa, vendo filme - dispenso terror - vendo TV ou fazendo nada (essa é a hora que você pode abusar do seu video-game). Sou viciada em redes sociais e estou conectada 24 horas, não se sinta desinteressante se eu der uma olhadinha no celular, e mesmo sendo viciada em internet, vou pedir para que você baixe algum programa ou atualização no meu computador, porquê sou péssima nisso. Se for para sair, na dúvida de onde me levar, fico sempre feliz com um barzinho rolando música ao vivo. Sempre vou preferir algo do tipo, a baladas superlotadas. Também me fará muito feliz, me acompanhando a muitos shows. E falando em música, você não pode ter esses preconceitozinhos musicais, não. Comigo você vai ouvir de tudo, e quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Vou do rock ao pagode em dois minutos e você precisa gostar de rap, sertanejo, reggae e idolatrar mpb. Vai ouvir, quase que diariamente, Stand by me e Conselho, na voz do D2. 






          Sou metida a comediante, do tipo que sempre faz uma piadinha, algumas dão super certo, outras nem tanto, vou achar graça até no seu mau humor, desde que não seja só isso que você tenha a me oferecer, claro. Na hora de explicar o porquê eu gosto de você, com certeza vou dizer que você me faz rir, muito. Essa é uma das características que me deixa mais encantada. Além do modo como você vai tratar as pessoas, só aceito ao meu lado, quem trata todo mundo igual e bem, do porteiro ao presidente. Sou a rainha dos porteiros!
          Não me venha com papinho de dinheiro, marca de roupa e carro toda hora. Eu também adoro um luxo, as vezes, mas não suporto gente fútil que só fala disso o tempo todo. Gosto de gente simples, sem frescuras. Você tem de ser assim, tá?


          Muitas vezes me pego fazendo uns draminhas mexicanos, mas vai de você me alertar que estou exagerando e que está na hora de parar, gosto de uma voz ativa ao meu lado, quero que você seja homem mesmo, nada de grosserias, mas de mulher já basta eu. Vaidade é legal, cuidados básicos de higiene ok, mas paramos por aí. Quero homem com cheiro de homem, e não ter a impressão de estar dormindo com uma Angel da Victoria Secrets. Nada de tirar sobrancelha, ou passar base na unha. E confesso que não vou resistir a você com a barba por fazer. 


          Quando a gente brigar, talvez eu não consiga dizer tudo que eu quero, mas quando você ameaçar ir embora, vou querer discutir, no último minuto. Sou impaciente, e talvez não consiga esperar chegar amanhã, e mesmo que você tenha pedido, eu te mande uma mensagem, ou te ligue, só para dar boa noite. Entenda, apenas entenda que é querendo que fique tudo bem logo. 


          Fico chata e choro com comercial, na tpm. Posso parecer forte, mas ainda sou uma menina. Sou mutante, mudo de ideia com frequência, e as vezes não sei o que fazer da vida. Sou impulsiva, imediatista e um tantinho carente. Não dispenso minhas amizades e já vou logo dizendo que tenho muitos do sexo masculino, e não abro mão de nenhum deles. Assim como não quero que você abra mão de amizade nenhuma por mim. É importante que seja assim. 


          Minha memória é gigante, e eu vou lembrar de cada palavra que você me disse, e que eu disse também. Por isso não teime comigo tentando me convencer de que não falei sobre algo, que eu já disse. Decoro todas as datas de aniversário, e se você não for assim, lembre ao menos de anotar na agenda. Mas, como sou um tanto contraditória, minha memória é falha com algumas situações do cotidiano, como dar um recado ou encontrar algum documento. 


           Permita que eu seja doce, mas me alerte quando estiver abusando no mel - o que pode ser frequente. Sou bagunceira, mas a bagunça dos outros me irrita. Péssimo, né? Eu sei. Vou repetir uma tonelada de vezes que você pode contar comigo, mas é porquê é real, você poderá contar comigo, tenho essa mania de ser muito amiga sempre,e vou ficar chateada quando você não quiser dividir comigo algum problema. 
           
             É isso amor. Resolvi te adiantar um pouquinho de mim, porquê ainda há muito mais a se conhecer, e isso só vivendo. Mas aí estão alguns de meus defeitos, e sabendo lidar com esses, te garanto que terá minha melhores qualidades. Não garanto que será fácil, mas também não será tão difícil. Não preciso de muito, só preciso que me ame, que me ame muito, que tenha um pouquinho de paciência e que me faça rir sem esforços. Se depois de tudo que eu disse, você ainda assim quiser ficar ao meu lado, estou aqui, de coração e braços abertos, te esperando. Só te peço que se quiser vir, não demore!
            
           
           
           
           
           
          


          
           
         
         

Carta ao Bom Velhinho



Por Nathalia Moraes


         Querido Papai Noel, 
devemos sempre começar assim as cartas ao senhor? 
         Bom, não sei se vai se lembrar de mim, faz uns bons anos que não te escrevo mais, mas esse ano decidi mandar minha carta, falando nisso, já está mais do que na hora de criar um e-mail, né? Não sei, mas sempre achei que com tantas cartas empilhadas, alguma sempre deva escapar e se perder, e tem mais, não sei se confio nesse sistema, o Polo Norte é muito longe, nunca soube de ninguém que mandou cartas para aí, sem ser para você. Pense nisso, talvez algum de seus ajudantes possa te ajudar.
          Claro que não foi esse o motivo que me fez esquecer a idade que tenho e te escrever, acho que agora que estou mais velha, já podemos ter uma conversa séria e até quem sabe, definitiva, né?! Precisamos colocar os pingos nos is.
          O que acontece é que desde criança, me fizeram acreditar em você, nas renas puxando o trenó, nos duendes ajudantes, que você entra pela chaminé, em ser boa menina, fazer tarefa e escovar os dentes para ganhar o presente que eu queria, mas enquanto me enchiam a cabeça com essa fantasia, não pensaram que um dia eu ia descobrir que era mentira e isso me deixaria arrasada, porquê foi assim. Não foi fácil perceber que é impossível um senhor de barbas brancas, sair do Polo Norte e chegar até a minha casa, em cima de um trenó puxado por renas. 
           Tá, agora você me pergunta porquê eu tô escrevendo então se não acredito mais em você, e eu te respondo, talvez eu ainda acredite. Porquê não é tão difícil pra uma pessoa que acredita nos seres humanos de bom coração, acreditar que você exista, sabe? Pode ser que não nesse contexto americanizado, mas vai que você existe, né?! Não custa  tentar. Por isso passei o dia todo pensando em que colocar na minha listinha de presentes - não se assuste - lá vai.
            Quero vida boa. É, é isso... quero vida boa, sabe? Vida onde a gente é feliz por completo, não que eu não seja, mas é diferente. Quero sorrisos sinceros, risadas sem fim, barriga e maxilar doendo, ar faltando de tanto dar risada. Quero mais tempo com os amigos, os velhos, os novos, os que estão por vir. Quero ver mais filmes, comendo pipoca, brigadeiro e refrigerante, sem precisar me preocupar com as gordurinhas. Quero ouvir mais músicas boas no último volume, cantando alto, sem vizinho reclamando. Quero mais tempo com a minha cama, dormir e acordar de bom humor, quero mais gente de bom humor perto de mim. Quero pessoas que dão mais valor a coisas simples, quero mais cachoeira e menos shopping, quero menos salto e mais pé descalço. Quero mais almoços de domingo com a família reunida, com a criançada correndo, todo mundo falando junto, muita comida boa - coisa de família italiana, sabe como é. Quero mais gente sincera, sincera com os outros, sincera com elas mesmas. Quero mais gente do bem, de bom coração, de alma clara, de sorriso aberto no rosto. Quero mais amor, amor ao próximo, amor próprio, amor de verdade, quero amar, ser amada, amores bem resolvidos, sem traumas, sem mentiras. Quero vida a dois, escova de dente no mesmo potinho, quero mais momentos amorzinho, quero apelido que os amigos acham bobo, quero me iludir menos, viver mais. Quero mais atitude, menos promessas. Quero mais beijo na boca, mais abraço apertado de corpo inteiro, mais pézinhos encostados para dormir, quero mais conchinha de manhã e menos despertador estressando. Quero mais sequencias de sinal verde, quero mais cachorros correndo atrás da bolinha, mostrando que o bom da vida não custa nada. Quero trabalhar por amor e não por dinheiro, e mesmo assim ganhar o que for merecido, e poder gastar com coisas que me fazem bem. Quero menos status e mais realidade. Quero estudar, conhecer, aprender. Quero novas experiências, e relembrar as antigas com saudade. Quero menos problemas, mais soluções. Quero mais agradecimentos, menos reclamações. Quero mais tempero no fogão, menos congelado no microondas. Quero ouvir mais vezes a campainha e menos o telefone. Quero pessoas simples, que conseguem enxergar a real beleza da vida. Quero mais pessoas que pensem menos em dinheiro. Quero ser assim, cada vez mais feliz, ao lado de pessoas que valem a pena!
            É isso, bom velhinho, não pedi carro, casa, roupas, eletrônicos nem o príncipe. Nada do que eu pedi você vai precisar carregar no seu saco, porquê é isso que eu quero, carregar menos peso. Mas, caso você não consiga me trazer essas coisinhas, conheço uma pessoa que você pode pedir uma ajudinha, e esse eu sei que não falha nunca, não é preciso escrever cartas, nem esperar o natal chegar. É só fechar os olhos, abrir o coração e receber, isso e todo o resto que Ele tem a oferecer, pode chamá-lo de Deus!



sexta-feira, dezembro 16, 2011

Ele não é nada seu, mas...


Por Nathalia Moraes

          Sabe quando você cansa do quase, do mais ou menos, do ser não sendo, do ter não tendo, e decide então que o melhor para você é deixar isso tudo de lado, e não se envolver mais? Então, eu estava assim, limpa! Até que ele decidiu aparecer na minha vida. Eu não queria, não fui atrás, entende como as coisas são? Eu na minha, e ele resolve entrar sem pedir licença. 
          Claro que eu caí, papo bom, sorriso bonito, aquela barba que eu não resisto, nossa conversa fluía como se fossemos amigos de infância, um brincando com o outro, sem precisar explicar a piada da vez, não é incrível? Ele me fazia rir numa segunda-feira a noite, depois de um dia me arrastando pelos cantos, só desejando minha cama, ele conseguia roubar uns minutinhos do meu descanso. Me ligava, mandava bom dia, boa tarde e boa noite. 
           Eu pensei em não me jogar, em manter um pézinho atrás, mas meu corpo se atirava em direção a ele. Poxa, é difícil, sabe? É difícil não se jogar quando o cara tem mais da metade das características que você coloca na lista do "o cara meu número". Então não há mais o que se fazer, meu coração é assim, ganha minha razão pela teimosia. 
           Então vocês saem, uma, duas, três vezes, impressionante como a cada dia que passa ele consegue ficar ainda mais lindo, o beijo dele faz com que você ouça a marcha nupcial ao entrar na igreja, porquê você diz que "não, não quero namorar agora, quero aproveitar a vida", mas no fundo já imaginou o namoro, o casamento, a renda do vestido, a casa com jardim, o desenho do pano de prato e os chinelos grandes pra você pegar emprestado quando estiver com preguiça de buscar o seu, já escreveu seu nome com o sobrenome dele no final para ver se combina, e para o seu desespero fica ótimo. Não negue, somos assim, mulheres!
            Tudo indo muito bem, você realmente começa acreditar que agora vai. Até que ele, da mesma maneira que chegou, do nada, começa a dar umas sumidas, as mensagens começam a chegar de vez em nunca, seu telefone toca e é engano, imprevistos e compromissos começam a surgir descontroladamente. Você já entendeu o que está acontecendo, mas agora é tarde. Você já está mais envolvida do que deveria, deitada na sua cama, pensando em como sair dessa, e ele botando a fila para andar e infelizmente tenho que te dizer: Ele não é nada seu!
            É, ele não é nada seu, mas isso não impede que você sinta ciúmes, e graças ao mundo moderno e super conectado, você consegue descobrir tudo o que quer, e o que não quer. Todas as meninas que ele adiciona na segunda, passam a ser as que ele pegou no fim de semana. Só na sua imaginação ele tem essa capacidade, se fosse as que ele quis pegar, ok ainda vai. Enfim, não interessa se ele é seu ou não, o simples fato de existir a possibilidade de outra entre vocês é absurda. E sim, mesmo não tendo nada com ele, você se desespera ao ver um recadinho mais atirado, foto então? Pronto, acabou! Apaga todas as mensagens que você ficava relendo antes de dormir e rindo quase chorando, apaga os números da agenda, como se isso fosse adiantar quando se já decorou, mas o ato de apagar significa que acabou.
            Engano seu, mocinha. É nessa hora que ele volta com um "oi sumida", ah mas eu entendo perfeitamente a vontade de matar o próximo, nesse momento. E mesmo tendo todos os motivos do mundo, você depois de resistir uns minutos, responde e ele consegue virar o jogo. Você já não acredita, mas essas besteiras alimentam, e você fica boba de novo, sente falta das mensagens que apagou, adiciona o número de novo, até uma nova amiga aparecer. 
            O fato é simples, meninas, essa história de "ele não é nada seu", não tem peso nenhum. Não interessa o nome que se dá a essa relação esquisita que você insiste em manter, esse ser ou não ser, realmente não interessa. Como assim não é nada meu? (descartando qualquer possibilidade de posse, nesse momento) Como alguém chega sem pedir licença, entra na minha vida, bagunça tudo o que eu tinha acabado de arrumar, me ganha com meia dúzia de palavras e um sorriso, me faz achar que "agora vai", como que alguém com o sobrenome no final do meu combina tanto, entra e sai assim? E no final eu não tenho nem o direito de sentir ciúmes, porquê "ele não é nada seu". 
           Então eu já vou logo avisando, se não quer ser nada meu, então não seja nem meu conhecido, porquê até o simples fato de me dar bom dia na rua, já te tira do grupo dos indiferentes e passa a ser alguém na minha vida, alguém que eu não vou mais passar perto sem dar bom dia. Percebe como as coisas não podem ser assim tão simples? Se você quer deixar de ser alguém para mim, então termine o que começou, termine o ciclo, me coloque de volta para o mesmo lugar onde você me achou, sem bagunça, enquanto não fizer, eu tenho sim, todo o direito de sentir ciúmes, e de continuar achando que um dia, talvez, quem sabe a gente ainda vai dar certo e que o seu chinelo grande estará ao meu lado quando o meu estiver longe.
             

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Cuidar de quem gosta de mim

Se quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo!

Por Nathalia Moraes
    
    Como esperar que as pessoas nunca te decepcionem, se muitas vezes a pessoa mais próxima de você - você mesmo - acaba te decepcionando?
          A vida muitas vezes parece injusta, faço questão de tratar as pessoas que eu gosto, sempre bem, da melhor forma que eu for capaz, não abro mão de ser assim, em nenhum momento, sem desculpas, me importo com elas. Para alguns, pode até parecer egoísmo, mas não consigo não desejar que elas façam o mesmo por mim. É pedir demais?
          Sim, é pedir muito mais do que elas podem oferecer, porquê como somos todos tão diferentes, cada um sente de uma forma, demonstra de uma forma, aí então esperar que ajam como você, é uma das maiores ilusões que podemos ter. O fato de você se dedicar, não significa em momento algum que você terá um retorno positivo, nem sempre (ou quase nunca) as pessoas serão tão dedicadas como você gostaria. 
          E aí eu me pergunto: Até que ponto é suportável essa diferença? Até onde o meu entendimento sobre costumes e criações diferentes da minha, tolera ações intoleráveis? Como pode ser egoísmo desejar o mínimo? Não é uma questão de fazer algo, esperando o que vem em troca, é simplesmente desejar que aja ao menos um cuidado do outro lado. 
          Não peço que nunca, jamais, sob hipótese nenhuma, errem comigo, sei que também sou passível de erros, erro bem mais que gostaria até, mas mesmo errando, ainda tenho a preocupação em não errar, e em algumas pessoas, nem isso existe. Não há um esforço mínimo para fazer o bem a quem te faz. Não existe um cuidado mútuo, verdadeiro, recíproco. É um não ter cuidado com quem te cuida. 
          Sou do tipo de pessoa (burra e teimosa) que precisa pisar dez vezes no mesmo buraco e cair em todas, para aprender que se pisar ali vou me machucar. E mesmo assim, de forma tão lenta, gosto de aprender com os meu erros, e com os erros dos outros, porquê ninguém está livre de erros. E então, quando alguém erra comigo, eu procuro não fazer o mesmo com alguém que eu gosto, diferente de algumas pessoas que quando são machucadas, querem distribuir socos na mesma intensidade, não interessando quem vai acertar, acertando muitas vezes aquelas que não tinham nada com a sua dor. 
           Aí a pessoa me diz: "Tá, mas você pode escolher por quem vale a pena sofrer". Olha, se eu realmente pudesse escolher alguma coisa, escolheria não sofrer,  e não fazer ninguém sofrer - que acaba sendo até pior. Escolheria não me decepcionar e não decepcionar ninguém nunca, porquê eu sei o quanto é doloroso ver que alguém que você tanto gosta, não era bem aquilo, o não foi o que você esperava, ou acreditava. Então, meus caros, essa história de escolher por quem vale a pena sofrer, pra mim, não dá! Não vale a pena sofrer por ninguém, amor próprio pelo menos uma vez na vida é bem vindo. E mesmo não valendo a pena, estamos sujeitos a isso, sem escolhas. 
           Fico pensando, já que somos tão diferentes, será que a pessoa sabe o quão mal pode fazer a outra? Eu (prefiro fingir que) acredito que não saibam o que estão fazendo, que é quase involuntário, sem pensar, ou sem escolhas. Porquê gostando ou não, você só decepciona quem gosta de você, olha só que ironia da vida. Quem não gosta, não quer nem saber se você erra ou acerta, até porquê para essas, você é sempre um erro, mas isso não vem ao caso. 
           Gostaria que ao menos, as pessoas pensassem nisso. Ninguém gosta de ser magoado,   e já que nem sempre isso é possível, desejo a todos que errem sim, que errem e aprendam (mesmo depois da décima vez), mas que acima de tudo, se preocupem em errar menos com quem gosta de você, que tenham o mínimo de sensibilidade e percebam quem são essas pessoas, e a partir daí sejam mais cuidadosos, cuidadosos nas palavras, nas atitudes.
          Antes que achem que estou dizendo que devemos nos moldar e fazer sempre o que o outro quer, fora da nossa vontade, já vou alertando, não é isso. Mas é possível seguir nossas vontades, que são muitas vezes, tão diferentes dos outros, sem magoar ninguém, e se magoarmos, conseguirmos ao menos enxergar onde está o erro, tentar repará-los, quem sabe com pelo menos uma "desculpa" e ter o cuidado de não repeti-lo. Porquê esse negócio de se desculpar anda tão banal quanto amar. Que o pedir desculpas, seja com a real vontade de não voltar a errar. 
           Por essas e outras que já me encontro no grupo dos que já não querem mais se decepcionar, que já aprenderam a viver e agora chega. Mas como ainda não conseguimos escolher isso, que aceitemos erros, e decepções, que continuemos aprendendo com cada história assim, e que acima de tudo tenhamos cada vez mais cuidado para não repeti-los com quem gosta de nós. Que sejamos tolerantes com os que erram, mas que possamos ter a capacidade de peneirar os que não têm o mínimo de cuidado com nós. E que continuemos assim, errando, aprendendo, mas o mais importante, nos preocupando com quem gosta de nós e que um dia, todos sejam assim, mesmo diferentes, iguais nesse ponto. 
         
           
          
          
    
        


        

terça-feira, dezembro 13, 2011

Te ligo amanhã!


Por Nathalia Moraes


          Nunca fui muito ligada a essas regras bobas de como-ser-uma-moça-para-casar, na verdade casamento para mim é loucura, como se prender a uma única pessoa nesse mundo, pelo resto da vida? Sim, resto da vida, porquê se eu fosse casar, não dispensaria um centímetro de véu, seria daqueles de princesa mesmo, como manda o figurino, e esse evento não custa pouco não, além de toda a mudança, enfim... casar, só se fosse com a certeza de que seria para sempre, como não tenho essa certeza prefiro continuar no grupo das solteironas convictas. 
          Saio quando quero, e quero quase sempre, bebo mesmo, danço até o pé gritar, volto para casa a tempo de dar bom dia ao porteiro, uso as roupas que me deixam linda, mesmo que a saia seja mínima e o decote máximo. Me envolvo com caras lindos, e sempre que algum me interessa muito eu convido para subir sim, sem preconceitos ou insegurança. O corpo é meu, e se eu não tiver o direito de fazer com ele o que eu bem entender, eu não sei mais o que eu posso nessa vida. 
           Sou feliz assim, acontece que ultimamente tenho sentido falta de algo a mais, algo que me desperte uma felicidade, tipo aquelas ao acordar achando que está atrasada para trabalhar, e perceber que é sábado e poder voltar a dormir, sabe? Sentindo falta de ficar em casa vendo filme abraçadinho, que é diferente de ver comédia romântica comendo uma panela de brigadeiro na tpm, sentindo falta de receber mensagem no meio do trabalho de alguém que já está com saudade,que  é diferente do que receber mil mensagens das amigas chamando para balada.
           Era isso, eu precisava de alguém sim, precisava dar um tempo nessa vida noturna, arrumar um namorado talvez. E numa dessas conversas com uma amiga ela me disse que mulher fácil não é levada a sério, que se a gente quiser que o cara ligue no dia seguinte, devemos segurar nossas pernas bem fechadinhas por bastante tempo.E que eu estava me envolvendo com caras errados, que deveria buscar por homens mais responsáveis, mais sérios, que bebessem menos e que me respeitasse.
           Na hora achei aquilo uma babaquice sem tamanho, parecia uma mulher da década de 30 falando, ri e desconversei, mas confesso que quando fui dormir, fiquei pensando nisso, fazia tempo que um cara não me ligava no dia seguinte, eles até diziam que iam ligar e não ligavam, mas eu não me importava com isso e eu mesma ligava se me interessasse, mas isso funcionava até começar a sentir falta de alguém que me leve no almoço da família, no domingo. Talvez o discurso retrô da minha amiga fizesse algum sentido. Acordei decidida a receber a bendita ligação-do-dia-seguinte. 
            Aquela minha amiga me apresentou um conhecido dela, pelo facebook, bonito o moço. Começamos a conversar, trocar mensagens, e isso foi rolando durante dias, até ele me chamar para jantar. Não me lembro de ter ficado tão tensa em uma situação dessas, há muito tempo. Quase morri louca para decidir a roupa, a maquiagem o cabelo, me senti uma adolescente rumo ao primeiro beijo. Será que eu ao menos beijar, eu já podia? 
             Lá fui eu, dentro de um vestidinho rosa apagado, com centímetros a mais e decote a menos, sapatilha de laço e quase nada de blush, no melhor estilo moça-para-casar. Não me reconheci olhando no espelho, mas fui. O moço era realmente bonito, bem vestido, inteligente, educado, pagou a conta. Nossa! Vou pedir para casar. O jantar foi uma delícia, e no caminho de volta só pensava em como finalizar aquele encontro, acabei dando um selinho e saindo do carro as pressas. Para tudo! O que foi aquilo? Dormi rindo da minha cara, perfeito para uma menina de quinze anos namorando na pracinha. 
             Continuamos nos falando pela internet e saímos mais algumas vezes. Eu sempre recatada, fazendo a linha só-tive-dois-homens e só-vou-para-cama-depois-do-quinto-encontro. E foi exatamente assim que tudo aconteceu, depois de alguns encontros, beijos e apertões não muito calientes, o tão aguardado aconteceu. Ele se convidou para subir, passamos a noite juntos  e logo de manhãzinha ele foi embora. Antes de entrar no elevador ele me disse: "Te ligo amanhã!". Me senti vitoriosa, tudo bem que não foi tão gostoso quanto estou acostumada, mas ele me ligaria, claro que ligaria, e era isso que importava. Fui uma dama, delicada, educada, realmente uma mulher-para-casar, passei o dia querendo que o amanhã chegasse logo só para ter o prazer de ver o nome dele chamando no meu celular. 
              Acordei tarde, já achando que teria uma ligação dele, mas ainda não. Fiquei o dia todo com o celular na mão, mas claro que ele deixaria para me ligar a noite. Não, ele não me ligou, não me mandou mensagem, consegui ficar esperando uma ligação a semana toda. Não que eu estivesse apaixonada, era mais aquele orgulho mesmo. Ele tinha que me ligar, eu fiz tudo certinho, mas ele não me ligou. Eu só queria saber o que eu tinha feito de errado, mas não estava disposta a perguntá-lo, então preferi deixar essa história de lado e voltei a ser a boa e velha eu mesma. 
              Mesmo continuando a sentir falta de alguém ao meu lado, não deixaria de ser quem eu sou, apenas pelo motivo de fazer com que alguém resolva se encantar com a bela mocinha, que definitivamente não faz parte de mim. Voltei para minha vida noturna, para minha mini saia, para o meu macro decote, voltei para minha maquiagem, para o meu salto, minhas bebidas e minhas chegadas para o bom dia ao porteiro. 
              E em uma dessas noitadas, quem eu encontro depois de meses? Sim! O moço que eu fiquei esperando me ligar, e já com algumas doses de vodka no sangue, fui falar com ele, que me recebeu com um sorriso aberto e com a típica frase de quem some: "Tá sumida!". Nessa hora eu bem quis jogar o conteúdo da minha taça no rostinho lindo dele, mas me contive a uma boa gargalhada, seguida de um discurso sincero, contando que fiquei esperando ele me ligar durante uma semana. Não foi cobrando uma resposta, mas eu tinha curiosidade de saber porque raios ele não me ligou se eu tinha seguido a risco a cartilha das boas moças. E ele rindo sem parar me respondeu: " Sinceramente, te achei uma chata!". Gente, não há bebida que segure o queixo da pessoa, com uma sinceridade dessa. Minha cara foi no chão. Mas eu queria ouvir mais. E ele me dizia: " Não é por mal, mas no primeiro encontro eu já sabia que não te ligaria depois, independente do dia que você me convidaria para subir. E no seu caso, estava claro que para rolar alguma coisa, precisaríamos nos encontrar algumas vezes. Foi isso que aconteceu. Não importava se você iria para cama comigo no primeiro ou no quinto encontro, aliás quando eu vi que tinha esse desafio, eu só quis concluí-lo. Homens são assim. Posso estar perdendo a chance de te conhecer melhor, mas essa é a verdade."
           Qualquer mulher que "se valorize", iria embora na mesma hora. Mas, meu bem, eu não estou interessada nesses padrões de valores impostos, não. Fiquei, fiquei porquê mesmo chocada com tanta sinceridade, ele tinha sido verdadeiro, jogou limpo, e quem fingiu primeiro fui eu. Passamos horas conversando e rindo dessa história doida, e entre uma bebida e outra, mais outras histórias doidas que decidimos contar ao outro. Saímos de lá e fomos para a minha casa, e já que aquela menininha certinha estava longe de mim, o convidei para subir. Fui o que eu sou, sem máscaras e santidade. 
            Pareço estar ouvindo as moças-para-casar me condenando: "Depois de tudo que ele fez e disse, você ainda deu para ele. Ó céus, que absurdo! Depois reclama que o cara não liga". Foi o que aquela minha amiga me disse quando ouviu o que eu contei. É, amiga e caras mocinhas do meu Brasil, me desculpem pelo não valor que eu dou a mim mesma, mas a noite foi incrível, diferente daquela primeira, onde estávamos os dois presos a ideias ultrapassadas e preconceituosas, dessa vez foi diferente, leve, livre e delicioso. Tomamos um café rápido na padaria da esquina e nos despedimos. 
             Ele não disse que me ligaria amanhã, e eu não fiquei esperando que ele me ligasse. Mas, para a nossa surpresa, recebi uma mensagem dizendo: "Não disse que ligaria amanhã, porquê quero te ver ainda hoje!". Depois disso, parei de sentir falta da ligação do dia seguinte, dos filmes abraçadinhos, do almoço de domingo com a família, das mensagens ao longo do dia, parei de sentir falta de alguém, porquê ele estava comigo.           
             Ah, vida! Sempre me surpreendendo e ensinando. Não adianta, menina, não é o tempo que você demora para convidá-lo a subir que vai fazer com que ele te ligue no dia seguinte. O que determina isso é quem você foi no tempo em que estiveram juntos. Se ele realmente tiver gostado de você e sentir vontade de te ver, ele não vai ficar com essa birrinha de criança (ao menos que ele seja uma), pensando se você foi fácil ou não, ele simplesmente vai te ligar!
            

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Não demora, tem espaço para você!


Por Nathalia Moraes


   
          Acho tão engraçado esse negócio de ter hora pra entrar e não ter hora pra sair. O relógio da igreja ao lado tava quase dando 20 badaladas, quando consegui finalmente sair daquele escritório. Eu até gosto do meu trabalho, mas é que realmente tava bem puxado. Sabe aqueles dias que tudo que pode dar errado se une, e resolvem aparecer de uma vez na sua vida? Pois é, assim foi o meu. 
          Minha cabeça já estava doendo logo quando acordei, aliás acordar era tudo o que eu não queria naquela manhã, tive uma crise de insônia, daquelas de ter de levantar tomar um chá, ver um pouco de tv, pra conseguir retornar, e quando finalmente consegue-se pegar no sono, o despertador te joga para fora da cama, depois de despertar pela quinta vez. "Atrasada de novo?" Já ouvia meu chefe me dizer. Tive que pular dentro de qualquer roupa, escolher entre pentear o cabelo ou escovar o dente, lá fui eu, cabelo com nó bagunçado, olheira alcançando o canto da boca, rezando para o trânsito me ajudar, em vão é claro.
           Ainda tinha gente dormindo no mundo, e eu já estava naquela pilha. Não seria um atraso histórico, mas com certeza eu teria de aguentar os olhares durante o dia todo. É, não deu outra, vinte minutos atrasada, e um dia de mau humor alheio pra cima de mim, como se já não fosse suficiente carregar o meu. É incrível, quando o dia não começa bem, não tem santo que faça ficar bom. Foram horas de estresse, meu ombro já carregava no mínimo umas três toneladas, assim como os olhos. Cada minuto que passava eu só pensava que era um belo dia para pedir as contas e mandar meu chefe para o inferno, junto com as ironias dele, mas  como uma cidadã que paga aluguel e mil carnês, voltava quietinha para a minha mesa. 
            Quando faltava meia hora para sair, e todo mundo estava vibrando, eu ainda desejava cinco minutos para almoçar, e já sabia que teria de ficar bem mais que os vinte minutos de atraso, depois do horário. Graças ao horário de verão, não saí de lá sem a luz do dia, mas o sino da igreja daria suas vinte badaladas logo, e eu não queria ouvir, para não me atirar na frente de um caminhão.
             Pior de tudo, ainda teria de passar no mercado e enfrentar uma fila gigantesca, com problemas técnicos no caixa quando chegasse minha vez. Eu sei que a moça não tinha nada a vê com a  droga do meu dia, mas ela quase desmaiou com o olhar que eu fiz questão de deixar para ela. 
             Finalmente casa, que alegria se não me deparasse com mil contas embaixo da porta. Sinceramente, ficaria bem feliz se o mundo resolvesse acabar de uma vez, mas como nem nessas horas minha vontade é ouvida, só me restava tomar um bom banho de banheira, com sais e muita espuma para relaxar. Acorda mulher! Você briga com a pia para decidir quem fica no banheiro, se você realmente tivesse uma banheira, certamente não estaria irritada assim. Lá fui eu, nua e com meu chinelo, para não dar choque - é que eu fui criada pela minha avó, e mesmo achando besteira, não consigo me desprender desses costumes. 
             A água quentinha caindo pelo meu corpo, e eu caindo pela parede até alcançar o chão. Fiquei ali sentada, pensando em... Bom, era tanta coisa para pensar, que eu não conseguia pensar em nada, longos minutos, até conseguir dar uma relaxada para poder finalmente conseguir colocar alguns pensamentos em ordem. Se alguém visse aquela cena, certamente não acreditaria. Pareço tão forte, com o sorriso sempre pronto para qualquer um que passe na minha frente. Definitivamente, aquele peso não combinava comigo.
             Pela primeira vez, não estava pensando em fórmulas e mil maneiras de conseguir arrumar tudo, por incrível que pareça, mesmo diante de tanto estresse, eu não pensava em arrumar outro emprego, nem em mandar meu chefe, minha insônia e meu despertador para puta que pariu. De olhos fechados eu só conseguia sentir saudade, mas uma saudade tão apertada, saudade dele. Fiquei pensando em como seria minha vida se ele estivesse nela. 
             Tudo seria tão diferente. Desde o meu atraso, eu poderia ter perdido a hora, mas não por uma insônia intrometida, e sim por ter passado a noite toda fazendo amor, e essa noite mal dormida não me traria olheiras e sim uma pele de dar inveja no pêssego da fruteira. E quando eu estivesse pensando em estressar, meu olhar cruzaria com você se espreguiçando na nossa cama. Quem é que fica estressada com um bom dia desses? No trânsito, a nossa música me acompanharia, e eu nem o acharia tão engarrafado assim. E quando meu chefe me enchesse o saco, eu não ia nem ouvir, responderia com sorriso, relembrando as loucuras da noite passada. Ficar sem almoço significaria uma ótima oportunidade para começar aquela dieta que sempre fica na promessa, e quando eu estivesse saindo de lá, não me importaria em parar e ver o pôr-do-sol brindado meu final de dia. As vinte badaladas seria um sinal de que estava na hora de te ver e eu não me importaria em passar no mercado comprar alguma coisinha pra gente, porquê eu já sabia que você iria para cozinha sem reclamar.
              Só não digo que tomaríamos um banho juntos, porquê o fato de tê-lo não muda o tamanho mínimo do meu banheiro, mas seria uma delícia sentir o cheirinho vindo da cozinha ao sair de lá enrolada na toalha, e ficar te olhando cozinhar. Você nem imagina o quanto você fica sexy cozinhando. Então você notaria minha presença, e já viria me beijar quase deixando a toalha cair, mas minha fome falaria mais alto e continuaríamos isso depois. No jantar ficaríamos rindo dos pepinos que tivemos de resolver durante o dia, e da cara dos nossos chefes. Mesmo cansada eu lavaria a louça feliz com você me atormentando e me abraçando por trás, me dizendo a todo minuto: "Se soubesse cozinhar, quem estaria lavando a louça sou eu". Correria atrás de você com a mão de espuma, até cair na cama, e começar nossa noite de amor, que não duraria muito, devido nosso cansaço, mas valeria a pena, por poder dormir ao seu lado. Como você me faz falta.
               Saí do banho, enrolada na toalha, fui até a cozinha e só encontrei uma pilha de louças para lavar. Suspirei encostada na porta, olhando pela casa, e só conseguia sentir a falta que você fazia ali, em cada cantinho. Tava tão cansada que nem jantar eu consegui, me joguei na cama, de toalha e cabelo molhado, e fiquei desejando que você estivesse ali, hoje mais do que nunca, para dividir a minha vida com você, não que alguém tenha a obrigação de me carregar nas costas, mas eu estava realmente precisando de alguém para dividir a minha vida, para formar aquela parceria sincera, que te acalma nas situações mais amedrontadoras. Eu realmente precisava de você ao meu lado, tinha muito espaço sobrando, não só na casa, nem na cama, mas no meu coração, nas horas do meu dia. 
              Peguei no sono esperando o dia que Deus decidirá me ouvir e te colocar na mesma calçada que a minha, para gente se esbarrar e enxergar ali, tudo que eu desejei até pegar no sono. Não sei quem é você, nem como você é, mas já consigo sentir o seu cheiro e sua mão segurando a minha. Dormi esperando o dia que nos encontraremos, o dia que você vai entrar na minha vida e ficar. Só assim, finalmente entender que esse tempo sozinha terá servido para não querer mais desgrudar, e te ouvir me dizer que você estava esperando por mim, como eu te espero. Não demora, tem espaço para você!

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Na era do desapego obrigatório




Por Nathalia Moraes

     Podem me chamar de velha, mas eu cansei de tanta modernidade. Dia desses tentei ir a uma dessas baladas que todo mundo acha incrível, lotada de homens com camiseta listrada e mulheres com salto 15, música que não dá para cantar, onde todo mundo é lindo (até que acendam as luzes ou passe o efeito do álcool), simpático, engraçado, moderninho, desapegado...
             No começo até foi legal, tava empolgada, animada, uhul! Mas aí fui inventar de observar, tenho essa mania chata, passei longos minutos observando cada figura, para tentar descobrir alguma coisa diferente, mas todo mundo era tão igual, em tudo. Fiquei tentando encontrar onde estava o incrível daquilo tudo e só conseguia desejar profundamente minha casa, minha cama, minha tv, minhas músicas. Talvez se eu voltasse outro dia, acho que não estava muito inspirada nessa noite, na verdade já estava achando aquilo um saco.
             Sentei em um daqueles sofás vermelhos, com a minha água na mão, tentando acompanhar com os olhos, flashes do que acontecia, até que um cara se aproximou, e pediu para sentar-se ao meu lado. A princípio a resposta seria automaticamente negativa, mas como eu tava ali, quase que invadindo um espaço que não era muito meu, deixei que ele se sentasse. Não demorou muito para que ele começasse um papinho sem sentido, seguido de uma tentativa de invadir meu espaço físico com mãos aceleradas e boca cheia de vontade. Eu sem paciência, acabei sendo um pouco (ou bastante) grossa com o pobre garoto, que percebeu e me perguntou: O que você quer então? Aquela pergunta ficou ecoando no meu subconsciente durante alguns minutos. Fiquei ali, parada, só pensando no que ele havia me perguntado. Eu estava naquele lugar, mas o que eu queria então, se não beijar um desconhecido com um papinho de dar dó e nem lembrar seu nome no dia seguinte? O que eu quero afinal?
             Quer saber o que eu quero? Respondi, olhando em seus olhos. Quero que você saia daqui comigo e se proponha a pagar um leite com café na padaria e não uma dose de vodka com energético, e depois siga para a minha casa, e não me deixe na porta sem olhar para trás, quero que você estacione o carro, me coloque para dentro, se despessa com um beijinho e vá embora e me ligue no dia seguinte, marcando um sorvete na beira do lago e me pegue de surpresa num beijo inesperado com gostinho de cobertura de morango e não com bafo de cerveja. E que não acabe ali, quero que deseje me ver mais vezes, muitas vezes, até não conseguir mais passar um dia sequer, sem pelo menos um beijo e um abraço apertado no portão. 
               O menino me olhava com os olhos tão arregalados, certamente estava me achando uma louca, ou até mesmo uma carente perdida no mundo moderno. Mas eu não me importei, ele tinha perguntado e eu queria mesmo era responder, então continuei... Sabe o que mais eu quero? Quero que você nunca mais use essa camisa que te deixa igual a todos, e saia despreocupado, com o cabelo bagunçado sem esse gel moldando os espetos para o ar, quero que você tire esse tênis de não sei quantas molas, e vista o bom e velho all star. E que o creme hidratante de morango com chantilly esteja apenas na minha prateleira e jamais na sua.
               Quero mesmo é que você pare de me olhar com essa cara de bobo, e me olhe com olhos de admiração, que me ache gostosa sim, mas que me ache linda, engraçada e gente boa também. E que queira construir comigo uma história, dessas de dar inveja em filme de amor, e queira construir também uma casinha colorida, com jardim e cerquinhas para os cachorros correrem a vontade de um lado para o outro sem fugir, com duas cadeiras na frente, pra gente ficar vendo o pôr-do-sol de mãos dadas, depois do trabalho. E que o melhor lugar do mundo seja a nossa cama e que me prometa que vamos resolver todos os problemas antes de deitar nela, e que não vamos deitar nunca de bunda um pro outro, e que ali faremos amor até o dia amanhecer, e que de manhã enquanto você toma banho e eu passo o café, eu possa olhar para nossa cama, com os lencóis bagunçados, e sorrir percebendo o quanto nos amamos e somos felizes. 
               Não entendia como ele ainda estava ali me ouvindo, mas eu queria era falar mais, e ver até onde ele aguentaria. Hora de mexer na ferida. Depois de alguns anos, quero que você seja o pai dos meus filhos gordinhos com caixinhos na ponta dos cabelos, e mais que isso, que ganhe o prêmio de melhor pai do mundo, para combinar comigo. Que seja paciente quando eles perguntarem inúmeras vezes se falta muito para chegar, cada vez que formos viajar para a praia, e que construa castelinhos de areia com ela, e ensine nosso menino a surfar.
                E o mais importante, que no final de tudo, não tenha fim, que não pensemos em fim. Que possamos sorrir, feliz, em paz, sorrir com os olhos, com o coração. E quando estivermos velhinhos, deitados na nossa cama, possamos olhar para trás e ver como o amor vale a pena. É, é só isso que eu quero.
                Acho que passou uma hora de discurso, e o cara estava lá ainda, parado, me olhando assustado. Me respondeu quase gaguejando que eu era linda e que ele desejava que eu encontrasse alguém assim, mas que tinha de ir ao banheiro. Eu ri, sozinha. Ele deve ter me achado louca, pirada e desesperada para casar, e mesmo tendo me ouvido o tempo todo, tratou de fugir assim que apertei o ponto final. Claro que ele não era nem de longe o cara que eu estava sonhando em cada frase dita, mas ele me perguntou, e eu fui sincera, pelo menos uma vez, porque qualquer uma no meu lugar, sentindo-se presa nessa modernidade do desapego, responderia que não quer nada, que não quer se envolver, não quer se apegar, não quer namorar, casar então, nem pensar.
               Sinto que, infelizmente, as pessoas se sentem obrigadas a dizer que não se apegam, que não se envolvem. Estamos em uma fase onde amar virou brega, a pessoa que deseja se apaixonar e viver lindas histórias de amor, passou a ser um ser carente e pegajoso. Todo mundo tão forte, resistente a qualquer ponta de sentimento que o coração tente emitir. Fogem dos relacionamentos, como se fosse algo feio, errado. Deixam para trás boas chances de dividir uma cama e lindas histórias. E eu me pergunto, pra que? Quando foi que o amor deixou de ser desejo e passou a ser vergonha? Desde quando ser feliz tem a ver com ser sozinho e desapegado? Se isso é ser moderno, prefiro continuar sendo a velha da história, a ultrapassada, a carente, a grudenta. Cansei de tanta modernidade, da era do desapego obrigatório, quero mesmo é viver histórias lindas de muito amor, sem vergonha ou repressão. Moderno para mim é conseguir tudo isso, nesse mundo com pessoas loucas que vivemos, dessa forma sim, eu quero ser moderna.
                 

   

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Amar é para poucos


Por Nathalia Moraes

    Ouvi uma amiga dizer esses dias que está faltando amor no mundo, na verdade ela queria dizer na vida dela, mas sendo no mundo ou na sua vida, tenho que discordar, não é amor que falta, o que falta são pessoas capazes de amar, e sinto que esta espécie está em extinção, infelizmente.
    Para mim a capacidade de amar é como inteligência, coragem, simpatia, enfim, não vem na mesma intensidade para todo mundo, alguns simplesmente são desprovidos desse dom, não sabem amar, porque amar exige sentimentos muito profundos e que, nem todos conseguem oferecer.
    Alguns amam com a mesma naturalidade com que respiram, lembrando que quando digo amam, é amor de verdade, e não essa loucura que andam inventando por aí, enfim, para alguns, envolver-se é natural, existe uma facilidade enorme em criar laços afetivos e verdadeiros, porém, do outro lado encontramos muitas pessoas que nunca experimentaram de forma duradoura, a delícia de sentir-se íntimo e ligado de fato a alguém, e isso é comum, mais do que imaginamos.
    O sintoma mais aparentes em pessoas assim, é viverem atormentados por dúvidas sobre a intensidade e a profundidade de seus sentimentos, sendo que quem tem uma conexão emocional profunda não se pergunta a todo o momento se deveria seguir em frente ou tentar com outra pessoa, essas dúvidas não existem na mesma frequência, ou em frequência nenhuma, para os que estão amando.
    E isso não é uma característica existente apenas nos nossos conhecidos solteiros natos. Muitos, mesmo sendo parte de um casal, sentem uma dificuldade imensa na hora de criar essa ponte que leva em direção ao outro, para alguns a prática de se entregar verdadeiramente, não existe. Essas pessoas chegam até a gostar, a viver junto, criar parceirias, mas não sentem aquele vínculo que o amor provoca, mantem laços frouxos. Acredito que seja como uma deficiência emocional, ou um costume social que está sendo criado pela nova sociedade anti-amor.
   Quem ama não pode ser egoísta, e cada dia mais, é isso que eu vejo, pessoas olhando apenas para si, para o seu prazer, são egoístas por nascença ou criação, não sei. Por isso não consigo acreditar que seres assim sejam capazes de se entregar. Quando o amor existe, o sujeito é naturalmente obrigado a se doar, a dividir, compartilhar, e isso não é exercício para todo mundo. As pessoas estão preocupadas em encontrar outras pessoas que as completem, sendo que deveriam procurar por pessoas que acrescentem. É fácil declarar-se apaixonado a cada esquina, ou tela de computador, de forma fantasiosa e extravagante, mas manter uma relação afetuosa e verdadeira na vida real, ali no dia a dia, exige mais do que essa loucura e histeria. Exige lealdade, dedicação, e todo um conjunto de sentimentos que não são praticados por todos.
    A dificuldade de se envolver com alguém assim é notória, é dificil se relacionar com quem não se permite, com quem fica se privando, quem não se entrega de verdade, é chato conviver com quem não está ali de verdade, com quem não é capaz de confiar ou ser confiável, dói amar alguém que não sabe amar, a inexistência de outras qualidades até podem ser aceitas, mas alguém que não saiba amar é dificil aguentar. Alguns até chegam a tentar, acreditam que podem, sentem vontade, mas as vontades mudam, e amar não é uma questão de apenas sentir  vontade. É preciso mais, bem mais, é preciso ser capaz de cuidar, confiar, se entregar, dividir, permitir que outra pessoa entre na sua vida, e que você entre na vida de outra pessoa inteiramente, se importar de verdade com o outro, é preciso sentir-se parte de outro alguém, e muitos não conseguem sentir-se parte de coisa nenhuma.
    Portanto não basta escolher pela cor dos olhos, nem pelo desenho do corpo, não adianta escolher a marca do carro, ou a etiqueta da calça, não serve de nada escolher alguém legal, certinha, responsável, ou o contrário, essas são características para os que não nasceram com a capacidade de amar, e quem nasceu, não quer viver dessas besteiras, quem tem a sorte de saber amar, precisa mais do que apenas encontrar alguém, precisa encontrar quem também tenha a mesma sorte.


   
   
   

Quando não dá mais tempo


Por Nathalia Moraes

    Passei a minha vida toda sendo muito legal com quem eu gostava, e não me interessava se a pessoa era legal comigo, eu simplesmente não queria carregar o peso de me arrepender depois, sempre tive a convicção tranquila de que nunca perderia nada por falta de amor. Sempre ouvi todo mundo dizer por aí: "As pessoas só dão valor quando perdem", e eu não queria fazer parte desse grupo de pessoas, me interessava mais dar valor enquanto era tempo, mesmo que não houvesse uma troca sincera.
     E se acham que a vida é justa com quem pensa assim, ah, mas que tremendo engando. Sabe o que eu sempre consegui com isso? Muito tapa na cara, muita traição, decepção e todo o resto do pacote que quem valoriza os que não têm valor algum recebe em troca de ser legal. E sabem o que é pior? Não me arrependo, mesmo, nadinha por lágrima nenhuma, muito menos depois de reencontrar meu ex.
     Para não fugir a regra, o fulano agiu como os outros, sem grandes diferencias, e olha que tinha uma chance enorme de ser feliz ao meu lado, viu? Porque ao mesmo tempo que eu sou chata, ciumenta e boba, sou a pessoa mais carinhosa do mundo, meus ouvidos não cansam nunca, tenho uma paciência sem tamanho, sou bem humorada, sem frescuras e o mais importante, quando eu amo, é de verdade. Mas essas coisas todas não são o suficiente para algumas pessoas, e ele era uma dessas.
    Mas, como eu não sou de misérias quando o assunto é amor, me jogo mesmo, sem medo, vou e amo. Foi isso que eu fiz, fui e amei. E ele, não deu valor. Não é o valor que eu mereço, sabe? É o valor que o amor tem, e para ele, meu amor não tinha valor. Mas mesmo assim, eu estava lá... tentei o quanto pude carregar o amor dentro de um coração só, mas chega uma hora que não dá, a gente precisa dividir, tem que amar em rua de mão dupla, e quando chega essa hora eu não sou de insistir muito não. Apesar de não economizar, fui aprendendo a não disperdiçar.
     Não pensem que é fácil, pelo contrário, é sofrido, doloroso, quem sente, sente muito. Ter de sair sem olhar para trás, aceitar o dia de amanhã sem a presença do outro, não é fácil. E é aí que o amor próprio entra, é exatamente nessa hora que ele se permite ser um pouquinho egoísta e te faz aguentar, você chora no começo, mas a cada dia que passa, tudo vai ficando mais leve, até que chega um dia que já não pesa mais, e você consegue dormir uma noite inteira sem pensar em mais ninguém que não seja você mesmo.
     Esse dia chegou, sem eu perceber, só fui me dar conta quando encontrei meu ex, sem querer nos trombamos numa dessas segundas corridas, no intervalo do trabalho para academia, cada um de um lado da rua, esperando o sinal abrir. Confesso que deu uma confusão mental, fiquei em dúvida entre não atravessar, ou passar e fingir que não vi, até que o sinal abriu e eu fui em direção a ele, e ele ficou parado, me esperando, abriu um sorriso enorme e já veio me abraçando. Juro que se fosse antes, meu coração ia quase sair pela boca, minhas pernas movimentariam-se descontroladas, minha boca ficaria seca, me faltariam as palavras. Nada disso, nos soltamos do abraço, ele me achando linda e eu apenas sorrindo, sorriso tranquilo, de quem está com o coração em paz. Nos despedimos depois de meia dúzia de palavras comuns, e quando virei as costas, sem sentir vontade nenhuma de voltar e pedir para ele ficar comigo, foi que percebi, eu não queria mais, tinha passado, sem culpas, sem dor, apenas tinha passado.
     Porém, acho que não foi o que aconteceu com ele, mal cheguei em casa e lá estava uma mensagem dele, e essas mensagens multiplicavam-se a cada dia, e eu via o que eu sempre sonhei, ele se declarando. Como essas coisas são engraçadas, né?! Tempos atrás eu daria minha vida para ouvir o que ele me dizia agora, era tudo o que eu mais queria, era o que eu desejava com os olhos fechados antes de dormir, e agora, nada mais fazia sentido. Aquelas palavras todas não passavam de palavras. No fundo eu achei aquilo incrível, com um pinguinho de vingança escorrendo pelo cantinho da boca, era como se meu cérebro gritasse: "agora sofre, meu filho, aguenta a dor de amar sem resposta, perdeu".
     Eu estava, sem querer, dando o troco sim, mas não era só isso, não era só uma vitória pessoal, significava muito mais. Ele não tinha apenas me perdido, ele estava sendo apresentado a um sentimento nada agradável, o do arrependimento, coisa que nem de longe eu sentia nesse momento. Fui de verdade o quanto pude, até o fim, até agora. Não senti medo de amar, de me envolver, de criar laços. Ouvi meu coração, me joguei, entrei de cabeça e fui como sou, intensa até o fim.
    Já o rapaz se atrasou, agora não dava mais tempo e deve doer quando não dá mais tempo. Deve ser doloroso, maior até que aquela minha dor do começo, perceber que você fez errado, que deixou escapar o que poderia ter segurado com um abraço, porque ele teve chances, e não foram poucas, mas não soube aproveitar, e perceber isso deve encomodar, deve encomodar muito, porque é nessa hora que você não tem para onde correr, não tem em quem depositar a culpa, tem ela todinha para te corroer.
    Não adianta, as coisas são assim, se não fosse nessa história, seria em outra. Prefiro continuar acreditando que as pessoas, de uma forma ou outra, vão aprender um dia, que o tempo pode ser seu amigo, mas nem sempre. É preciso ter cuidado, cuidado para não fazer parte do grupo de pessoas que só dão valor quando perdem. E é por isso que eu não me arrependo de amar, de ser legal com quem eu gosto, porque eu ainda prefiro a dor de não ser amada ou valorizada o quanto eu acredito que mereço, nesse caso a culpa não é minha, eu não posso exigir o sentimento de ninguém, faço a minha parte e espero que o outro faça, e se não fizer, passa. Agora a culpa de ter perdido alguém, seja lá por medo, aversão a envolvimentos, ou idiotisse mesmo, essa eu estou livre de carregar.