sexta-feira, dezembro 16, 2011

Ele não é nada seu, mas...


Por Nathalia Moraes

          Sabe quando você cansa do quase, do mais ou menos, do ser não sendo, do ter não tendo, e decide então que o melhor para você é deixar isso tudo de lado, e não se envolver mais? Então, eu estava assim, limpa! Até que ele decidiu aparecer na minha vida. Eu não queria, não fui atrás, entende como as coisas são? Eu na minha, e ele resolve entrar sem pedir licença. 
          Claro que eu caí, papo bom, sorriso bonito, aquela barba que eu não resisto, nossa conversa fluía como se fossemos amigos de infância, um brincando com o outro, sem precisar explicar a piada da vez, não é incrível? Ele me fazia rir numa segunda-feira a noite, depois de um dia me arrastando pelos cantos, só desejando minha cama, ele conseguia roubar uns minutinhos do meu descanso. Me ligava, mandava bom dia, boa tarde e boa noite. 
           Eu pensei em não me jogar, em manter um pézinho atrás, mas meu corpo se atirava em direção a ele. Poxa, é difícil, sabe? É difícil não se jogar quando o cara tem mais da metade das características que você coloca na lista do "o cara meu número". Então não há mais o que se fazer, meu coração é assim, ganha minha razão pela teimosia. 
           Então vocês saem, uma, duas, três vezes, impressionante como a cada dia que passa ele consegue ficar ainda mais lindo, o beijo dele faz com que você ouça a marcha nupcial ao entrar na igreja, porquê você diz que "não, não quero namorar agora, quero aproveitar a vida", mas no fundo já imaginou o namoro, o casamento, a renda do vestido, a casa com jardim, o desenho do pano de prato e os chinelos grandes pra você pegar emprestado quando estiver com preguiça de buscar o seu, já escreveu seu nome com o sobrenome dele no final para ver se combina, e para o seu desespero fica ótimo. Não negue, somos assim, mulheres!
            Tudo indo muito bem, você realmente começa acreditar que agora vai. Até que ele, da mesma maneira que chegou, do nada, começa a dar umas sumidas, as mensagens começam a chegar de vez em nunca, seu telefone toca e é engano, imprevistos e compromissos começam a surgir descontroladamente. Você já entendeu o que está acontecendo, mas agora é tarde. Você já está mais envolvida do que deveria, deitada na sua cama, pensando em como sair dessa, e ele botando a fila para andar e infelizmente tenho que te dizer: Ele não é nada seu!
            É, ele não é nada seu, mas isso não impede que você sinta ciúmes, e graças ao mundo moderno e super conectado, você consegue descobrir tudo o que quer, e o que não quer. Todas as meninas que ele adiciona na segunda, passam a ser as que ele pegou no fim de semana. Só na sua imaginação ele tem essa capacidade, se fosse as que ele quis pegar, ok ainda vai. Enfim, não interessa se ele é seu ou não, o simples fato de existir a possibilidade de outra entre vocês é absurda. E sim, mesmo não tendo nada com ele, você se desespera ao ver um recadinho mais atirado, foto então? Pronto, acabou! Apaga todas as mensagens que você ficava relendo antes de dormir e rindo quase chorando, apaga os números da agenda, como se isso fosse adiantar quando se já decorou, mas o ato de apagar significa que acabou.
            Engano seu, mocinha. É nessa hora que ele volta com um "oi sumida", ah mas eu entendo perfeitamente a vontade de matar o próximo, nesse momento. E mesmo tendo todos os motivos do mundo, você depois de resistir uns minutos, responde e ele consegue virar o jogo. Você já não acredita, mas essas besteiras alimentam, e você fica boba de novo, sente falta das mensagens que apagou, adiciona o número de novo, até uma nova amiga aparecer. 
            O fato é simples, meninas, essa história de "ele não é nada seu", não tem peso nenhum. Não interessa o nome que se dá a essa relação esquisita que você insiste em manter, esse ser ou não ser, realmente não interessa. Como assim não é nada meu? (descartando qualquer possibilidade de posse, nesse momento) Como alguém chega sem pedir licença, entra na minha vida, bagunça tudo o que eu tinha acabado de arrumar, me ganha com meia dúzia de palavras e um sorriso, me faz achar que "agora vai", como que alguém com o sobrenome no final do meu combina tanto, entra e sai assim? E no final eu não tenho nem o direito de sentir ciúmes, porquê "ele não é nada seu". 
           Então eu já vou logo avisando, se não quer ser nada meu, então não seja nem meu conhecido, porquê até o simples fato de me dar bom dia na rua, já te tira do grupo dos indiferentes e passa a ser alguém na minha vida, alguém que eu não vou mais passar perto sem dar bom dia. Percebe como as coisas não podem ser assim tão simples? Se você quer deixar de ser alguém para mim, então termine o que começou, termine o ciclo, me coloque de volta para o mesmo lugar onde você me achou, sem bagunça, enquanto não fizer, eu tenho sim, todo o direito de sentir ciúmes, e de continuar achando que um dia, talvez, quem sabe a gente ainda vai dar certo e que o seu chinelo grande estará ao meu lado quando o meu estiver longe.
             

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