quinta-feira, dezembro 15, 2011

Cuidar de quem gosta de mim

Se quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo!

Por Nathalia Moraes
    
    Como esperar que as pessoas nunca te decepcionem, se muitas vezes a pessoa mais próxima de você - você mesmo - acaba te decepcionando?
          A vida muitas vezes parece injusta, faço questão de tratar as pessoas que eu gosto, sempre bem, da melhor forma que eu for capaz, não abro mão de ser assim, em nenhum momento, sem desculpas, me importo com elas. Para alguns, pode até parecer egoísmo, mas não consigo não desejar que elas façam o mesmo por mim. É pedir demais?
          Sim, é pedir muito mais do que elas podem oferecer, porquê como somos todos tão diferentes, cada um sente de uma forma, demonstra de uma forma, aí então esperar que ajam como você, é uma das maiores ilusões que podemos ter. O fato de você se dedicar, não significa em momento algum que você terá um retorno positivo, nem sempre (ou quase nunca) as pessoas serão tão dedicadas como você gostaria. 
          E aí eu me pergunto: Até que ponto é suportável essa diferença? Até onde o meu entendimento sobre costumes e criações diferentes da minha, tolera ações intoleráveis? Como pode ser egoísmo desejar o mínimo? Não é uma questão de fazer algo, esperando o que vem em troca, é simplesmente desejar que aja ao menos um cuidado do outro lado. 
          Não peço que nunca, jamais, sob hipótese nenhuma, errem comigo, sei que também sou passível de erros, erro bem mais que gostaria até, mas mesmo errando, ainda tenho a preocupação em não errar, e em algumas pessoas, nem isso existe. Não há um esforço mínimo para fazer o bem a quem te faz. Não existe um cuidado mútuo, verdadeiro, recíproco. É um não ter cuidado com quem te cuida. 
          Sou do tipo de pessoa (burra e teimosa) que precisa pisar dez vezes no mesmo buraco e cair em todas, para aprender que se pisar ali vou me machucar. E mesmo assim, de forma tão lenta, gosto de aprender com os meu erros, e com os erros dos outros, porquê ninguém está livre de erros. E então, quando alguém erra comigo, eu procuro não fazer o mesmo com alguém que eu gosto, diferente de algumas pessoas que quando são machucadas, querem distribuir socos na mesma intensidade, não interessando quem vai acertar, acertando muitas vezes aquelas que não tinham nada com a sua dor. 
           Aí a pessoa me diz: "Tá, mas você pode escolher por quem vale a pena sofrer". Olha, se eu realmente pudesse escolher alguma coisa, escolheria não sofrer,  e não fazer ninguém sofrer - que acaba sendo até pior. Escolheria não me decepcionar e não decepcionar ninguém nunca, porquê eu sei o quanto é doloroso ver que alguém que você tanto gosta, não era bem aquilo, o não foi o que você esperava, ou acreditava. Então, meus caros, essa história de escolher por quem vale a pena sofrer, pra mim, não dá! Não vale a pena sofrer por ninguém, amor próprio pelo menos uma vez na vida é bem vindo. E mesmo não valendo a pena, estamos sujeitos a isso, sem escolhas. 
           Fico pensando, já que somos tão diferentes, será que a pessoa sabe o quão mal pode fazer a outra? Eu (prefiro fingir que) acredito que não saibam o que estão fazendo, que é quase involuntário, sem pensar, ou sem escolhas. Porquê gostando ou não, você só decepciona quem gosta de você, olha só que ironia da vida. Quem não gosta, não quer nem saber se você erra ou acerta, até porquê para essas, você é sempre um erro, mas isso não vem ao caso. 
           Gostaria que ao menos, as pessoas pensassem nisso. Ninguém gosta de ser magoado,   e já que nem sempre isso é possível, desejo a todos que errem sim, que errem e aprendam (mesmo depois da décima vez), mas que acima de tudo, se preocupem em errar menos com quem gosta de você, que tenham o mínimo de sensibilidade e percebam quem são essas pessoas, e a partir daí sejam mais cuidadosos, cuidadosos nas palavras, nas atitudes.
          Antes que achem que estou dizendo que devemos nos moldar e fazer sempre o que o outro quer, fora da nossa vontade, já vou alertando, não é isso. Mas é possível seguir nossas vontades, que são muitas vezes, tão diferentes dos outros, sem magoar ninguém, e se magoarmos, conseguirmos ao menos enxergar onde está o erro, tentar repará-los, quem sabe com pelo menos uma "desculpa" e ter o cuidado de não repeti-lo. Porquê esse negócio de se desculpar anda tão banal quanto amar. Que o pedir desculpas, seja com a real vontade de não voltar a errar. 
           Por essas e outras que já me encontro no grupo dos que já não querem mais se decepcionar, que já aprenderam a viver e agora chega. Mas como ainda não conseguimos escolher isso, que aceitemos erros, e decepções, que continuemos aprendendo com cada história assim, e que acima de tudo tenhamos cada vez mais cuidado para não repeti-los com quem gosta de nós. Que sejamos tolerantes com os que erram, mas que possamos ter a capacidade de peneirar os que não têm o mínimo de cuidado com nós. E que continuemos assim, errando, aprendendo, mas o mais importante, nos preocupando com quem gosta de nós e que um dia, todos sejam assim, mesmo diferentes, iguais nesse ponto. 
         
           
          
          
    
        


        

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