domingo, outubro 28, 2012

Um amor com sabor de fruta mordida

Por Nathalia Moraes


     Como seguidora fiel que sou da filosofia "Cazuziana", também prefiro Toddy ao tédio, assumo que sou exagerada, sei que o tempo não pára, preciso dizer quando amo, adoro amores inventados, e acima de tudo sempre desejei um amor tranquilo com sabor de fruta mordida.
     Apaixonada nata, dificilmente me vi de coração vazio, sempre com os batimentos acelerados e de mãos trêmulas, gosto de sentir o gostinho de cada paixão que me arrebata. Perceber cada reação química do meu corpo quando me vejo apaixonada. 
     Coração tão acelerado que você tem certeza que vai sair pela boca, e você treme até o dedinho do pé, a boca seca, as palavras ficam presas nas cordas vocais te sufocando. Paixões fulminantes, chegam, invadem, te tiram de órbita, como um tornado, você acha que não vai sobreviver, até que ela passa e passam todos os sintomas da terrível e mais gostosa doença conhecida como paixonite aguda, mas você se cura, até se contaminar de novo, e de novo e de novo.
     Acontece que um dia você se cansa dessa montanha-russa de sentimentos, cansa desses altos e baixos que essas paixões causam no seu organismo, cansa de tanta tempestade e começa a desejar a tranquilidade. E para os que acham que isso não combina com amor, posso explicar.
     De repente o coração desacelera e volta a te dar espaço para respirar, a boca volta a salivar permitindo que as palavras saiam com naturalidade uma a uma, as pernas e mãos param de tremer... eis que chega a calmaria, trazendo com ela a paz que seu coração tanto buscava.
     Assim é o amor, não é o vulcão que passa arrastando até o último fio de cabelo, como muitos acreditam. Amor não sufoca, não maltrata, não destrói. Amor é a o aconchego do pós terremoto, é o solzinho que aquece as manhãs depois de uma noite de tempestade, é a certeza tranquila de terra firme. Assim é o amor. Te acolhe, te abraça e acima de tudo, te acalma mesmo em meio a um turbilhão de sensações.
      Pobre daqueles que não conseguem reconhecê-lo e acham que quando a maré baixa é hora de procurar novas ondas. Daqueles que não conseguem perceber a delícia que é o amor tranquilo, onde não há espaço para pequenices, quando duas almas se encontram e não querem se desencontrar mais. Daqueles que não enxergam o quão lindo e aconchegante é  o amor quentinho, mesmo que sem aquela euforia e adrenalina que encontramos no começo das paixões.
      Ganham na vida aqueles que sabem o valor que tem em uma relação que não é aprisionamento, aqueles que não confundem cuidado com possessão, que permitam que o outro seja o que é da melhor maneira possível, ganham os que vivem de amor e não de grandes paixões passageiras. Os que sabem que nada é eterno e que se quiserem que dure bastante tempo, é necessário cultivar, se doar, se permitir e se entregar todos os dias, sem egoísmo, fechaduras e máscaras. Ganham aqueles que não querem ser donos do outro e sim parceiros de uma vida. 
      Apaixonar-se é realmente uma delícia, mas não consegue superar a magnitude que é ver a paixão se transformar em amor, não supera a ternura, a beleza e a poesia que há nessa transformação. E sorte daqueles que assim como eu, encontraram um amor é não é dor, e sim tranquilo e com sabor de fruta mordida.