segunda-feira, janeiro 16, 2012

Quando foi que virou amor?



Por Nathalia Moraes

    Engraçado como as coisas simplesmente acontecem. Não interessa se você quer ou não, quando ele decide chegar, não há nada que o impeça, o amor é assim. 
       Na fila do banco, naquela segunda dia 10, calor, você de cabelo preso, nada a favor de um início de romance, até que o novo caixa tem um sorriso perfeito. Na sala de espera do médico, você morrendo de medo e preocupação, até que você vê alguém do seu lado te olhando como quem diz: "-Fica calma". Aquele bar, que você foi só para acompanhar sua amiga, e passa a ir todo fim de semana, quando descobre o quanto o dono é lindo. 
       O amor não escolhe data, nem hora, não espera você passar um batom, ou fazer uma escova, não quer saber se você já curou aquela feridinha que insiste em arder, muito menos se você ainda quer se divertir em uns cinco carnavais. Ele simplesmente chega, sem bater na porta, invade, algumas vezes aos pouquinhos, na ponta dos pés, outras fulminantes e arrebatadoras que te tiram o ar. 
       Mas quando é que ele chega? Será naquele encontro desapercebido das mãos para um carinho no meio da conversa? Será na pressa de ir embora, substituída por um pedido de "fica mais um pouco", ou será naquela música que você canta de olhos fechados e lembra dele? Talvez seja na passadinha para um beijo de boa noite, na quarta depois do futebol. Ou será naquela balada que ninguém mais é interessante o bastante para um beijo descompromissado, ou quando a gente não consegue explicar o que sente, e só quer sentir? Talvez seja naquele friozinho na barriga que nunca passa quando marcamos um encontro, mesmo depois de vários, ou naquela noite que a gente dorme com a blusa que ele emprestou só para ficar sentindo o cheirinho até pegar no sono. Será?
       Quando é que o encanto, a paixão, o desejo, se transformam em amor? Será quando velar o sono do outro se torna melhor que somente dormir? Será naquela foto de rostinho colado ainda envergonhados, que a gente vê de cinco em cinco minutos? Talvez seja nos pés enroscados para dormir, ou naquele macarrão com molho vermelho que a gente faz só para impressionar. Virou amor quando a gente dispensou a festa mais aguardada do ano para ficar em casa fazendo nada juntinhos? Ou será que virou amor no meio daquele filme que a gente não conseguiu ver o final porquê caímos no sono, apertados no sofá? 
       Fico aqui pensando, quando é que vira amor? Vamos dormir conscientes, e acordamos desenhando corações em cada pedacinho de papel? Quando deixa de ser apenas euforia e passa ser a paz que você tanto desejou para seu coração? Em que momento o eu e ele, passou a ser nós? 
       Talvez o amor esteja no piscar dos olhos rapidinho para não perder nenhum sorriso do outro, ou no calor de cada abraço, no chão que a gente encontra quando estamos sem um, talvez esteja no beijo sem pressa, na briguinha boba por causa daquela oferecida da foto no facebook, no aperto que dá no coração no domingo a noite, na hora de se despedir, ou na segurança do bom dia na segundona brava. 
       O amor pode ser a companhia para tarefas chatas, como compras no supermercado lotado, pode ser um recadinho na porta da geladeira, ou uma música mal tocada no violão. Pode ser um dengo naquele sábado de chuva, ou uma cara fechada pelo tamanho da sua saia. Talvez seja aquele sonho de padaria que ele traz quando vem me visitar, ou a risada gostosa que a gente não cansa de ouvir. 
       Ah, o amor... Quem é que sabe do amor, se não quem o sente?
       
       

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