quarta-feira, maio 16, 2012

Ouvi dizer sobre as maçãs do topo

Por Nathalia Moraes


Ouvi dizer sobre as maçãs do topo
Há quem diga que são as melhores
Há quem diga que são dos mais corajosos
Há quem diga que são descontentes com as de baixo.

Assis me desculpe, mas ei de discordar
Encanta-me as que logo ali estão.
Parecem atirar-se aos meus olhos
Querendo que eu as veja.

Vermelhas e brilhantes
Maduras, no ponto e prontas
Prontas para serem saboreadas
Pois sabem do sabor que têm.

Não precisam no topo estar
Sabem que quem as colhem 
Com o paladar agradado estará
Certas do gosto que têm.

Perdi o encanto pelas alturas
Que são escolhidas por estarem ali
Não porque brilham aos olhos,
Daqueles que olham-nas como são.

Talvez se mais para baixo estivessem
Teriam suas manchas mais vistas
O lado que não quererm mostrar
Que não se vê olhando de baixo para cima.

Se quero uma maçã
Quero pela fruta que és
Não pelo topo que esconde-se
Nem pela dificuldade em alcançá-la.

Escolho as que me aguçam os sentidos
Aquelas que posso tocar, ver e sentir
Que sabem das imperfeições que carregam
E ainda assim, matém-se frente aos meus olhos.

Mostram-se sem medo
Pois sabem que até suas manchas encantam
Quando não se tem vergonha do que és
São somente o que são, sem medo de ser.

Se não forem apanhadas um dia 
A altura que estavam, poupa a dor do impacto
Caem com leveza, ainda inteiras
Sem perder a beleza ao tocar o chão.

Já as maçãs que estavam no topo
Chegam ao chão em vários pedaços 
E os olhares curiosos que tentavam alcançá-las
Já não as notam onde agora estão, não sabem quem são. 


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