segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Mil dicas para conquistar o amor



Por Nathalia Moraes

       208 formas de conquistar um homem, 1001 maneiras de enlouquecer seu homem na cama, 99 dicas para seguir e se tornar uma mulher irresistível, 23 sinais para descobrir se ele está afim de você, 31 sinais de que ela é para namorar... E assim seguem as infinitas listas para todos alcançarmos sucesso em nossas vidas afetivas, que as revistas e sites insistem em publicar religiosamente, toda semana. 
       Será mesmo que essas dicas tão valiosas, são realmente infalíveis como gostam de vendê-las? Cada dia que passa, consigo ter mais provas do quanto as pessoas são diferentes, como apresentam diferentes reações as mais diversas situações. Pensando nisso, como é que criam esses manuais? Será que a mesma técnica serve para todas as pessoas ao seu redor? Será que na arte da conquista, no poder de sedução há espaço para técnicas tão exatas? Como se o envolvimento com uma pessoa funcionasse com uma fórmula simples, ex.: ela olhar sedutor + ele oferecer para pagar um drink = amor. Sabemos que não é assim, ou estou enganada, e já conseguimos isso?
       Será que nós não conseguimos mais conquistar alguém sem seguir uma cartilha? Perdemos o poder da troca de olhares? Desaprendemos como é que faz para paquerar? Precisamos de 10 mandamentos para provocar desejo na pessoa que já está na nossa cama? Não temos a capacidade de descobrir qual parte do corpo do outro fica mais arrepiado? Quando foi que perdemos o tato para tudo isso? Ou nunca o tivemos? Precisamos mesmo decorar dicas antes de sair de casa, ou levar um questionário em baixo do braço para perceber se a pessoa é para namorar ou não?  
       Se não, porquê então estas listas são tão compartilhadas entre nós, e estas revistas tão vendidas? Onde foi parar a delícia de se descobrir o outro? A busca sem pressa para as respostas das nossas perguntas? O prazer em percorrer todo um caminho misterioso até chegar ao clímax? Nada disso tem mais valor? Tudo está ligado no automático, o pé pisando fundo no acelerador, sem tempo para apreciar a beleza de cada lugar que se passa, sem paciência para decifrar cada piscar de olhos mais lentos, um sorriso no canto da boca formando uma covinha discreta. 
       O tempo passa, as coisas evoluem, mas os pensamentos custam a abrir, são cabeças fechadas em corpos abertos, contradição em cada atitude, a dificuldade em entender o mais simples, a besteira de insistir em perder momentos incríveis por conta da pressa, o querer chegar logo no ápice, sem aproveitar a beleza que tem o caminho todo percorrido.
       Seguir ou acreditar nessas regras é tão retrógrado quanto aqueles testes adolescentes da Capricho, assim como formular como devemos agir, o que devemos fazer, listar atitudes que tornam ou não alguém interessante para namorar, ou casar, é besteira. Dizer que se a mulher ou o homem for assim ou assado os tornam irresistíveis é pura ilusão. O que conta na hora é a boa e velha história da química. E aí meu bem, dane-se se ela preenche todos os requisitos para ser perfeita, ou se o cara tem todas as características para ser seu príncipe, se a tal da química não entrar em ação, todos esses estudos de revista vão por água abaixo.
       Uma conversa com um casal que mesmo depois de cinquenta anos casados e ainda apaixonados, vale muito mais a pena do que gastar tempo com isso, porquê eles conseguiram um grande feito, conquistar um ao outro sem a ajuda de 1001 dicas criadas para vender revista, utilizando apenas aquilo que temos de mais sedutor e irresistível, a naturalidade, a espontaneidade, o conjunto mais infalível de todos: olhar + sorriso acompanhados de muita vontade e paciência para descobrir que mesmo depois de tantos anos juntos, ainda se têm muito a aprender, muito a conquistar a cada dia, e que essas listinhas e dicas só servem para pessoas de mentira. 
       
        

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